Incomodado com o barulho provocado por um bar onde alegaria haver "desfiles de mulheres nuas", o padre de Valpaços parou o relógio da Igreja. A ASAE encerrou o café e o relógio voltou a ouvir-se.Ao encerrar um bar, na última semana, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) devolveu à população de Valpaços o direito de ouvir o relógio da igreja. Por acção indirecta. O relógio tinha sido "calado" há menos um mês pelo padre da cidade, Manuel Alves, em protesto contra o funcionamento de um bar (Café Central) junto à Igreja e à residência paroquial. Farto de insónias, por causa do barulho provocado pelo estabelecimento, e alegando que haveria "desfiles de mulheres nuas" no interior do café, o pároco terá prometido que o relógio só voltaria a dar horas quando o café encerrasse. Assim foi. O café fechou e o relógio voltou a ouvir-se. Mas a cruzada do pároco para fechar o estabelecimento não se ficou por aqui. Manuel Alves fez várias queixas à GNR, pôs a casa paroquial à venda e, iniciou, a partir do altar, uma campanha contra o bar. Inconformados com a atitude "autoritária" do padre, os responsáveis pelo estabelecimento prometem reabri-lo mal ultrapassem as falhas (questões de segurança) apontadas pela ASAE, as mesmas que faziam com que o estabelecimento funcionasse sem licença de utilização municipal. Pelo menos, definitiva. "Tínhamos autorização provisória por 60 dias. Só faltava fazer alguns acertos", garante o gerente, Alex Ribeiro. O pároco recusa falar sobre o assunto. "Não forneço nenhuma informação. É tudo do conhecimento público", disse ao Jornal de Notícias. A fúria do pároco contra o café terá começado no dia 31 de Maio, após uma festa de finalistas no piso inferior do café, que terá durado até às 9 horas. "A partir daí, começou a difamar o nome da casa na igreja. Até dizia que havia desfiles de mulheres nuas", contou Alex Ribeiro, lembrando que sempre tiveram respeito pelo templo vizinho. "No mês de Maria, na hora do terço, desligávamos sempre a música e a televisão", precisou. A proprietária do Café Central, Sílvia Costa, queixa-se do autoritarismo do pároco. "Quando fui tentar falar com ele, a primeira coisa que me disse foi que tinha um minuto para falar", afirma a jovem de 27 anos, que garante não poder estar parada. "Já investi aqui seis mil euros", precisa Sílvia Costa, que tem a seu cargo dois filhos.
Fonte: Jornal de noticias 10 de julho de 2008
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