Durou apenas seis meses e meio a segunda aventura de José Antonio Camacho como treinador do Benfica. O técnico espanhol, conhecido pela garra que impõe às suas equipas, atirou este domingo a toalha ao chão e demitiu-se, alegando desmotivação dos jogadores e falta de capacidade para inverter a situação.A demissão surgiu depois do empate frente à União de Leiria (2-2) e a três dias do jogo contra o Getafe, da segunda mão dos oitavos-de-final da Taça UEFA. O adjunto Fernando Chalana é agora o treinador interino: vai dirigir o treino de hoje e orientará a equipa no jogo em Madrid, onde o clube da Luz tentará recuperar de uma desvantagem de 2-1 na primeira mão.Chalana deverá também orientar a equipa no domingo frente ao Marítimo, no Funchal, dado o curto espaço de tempo para contratar um novo técnico. Oficialmente o clube diz que vai estudar o assunto, mas deverá ir ao mercado para encontrar um substituto para Camacho. Filipe Vieira prometeu uma solução para breve.A decisão do treinador espanhol, cujo pai morreu na quarta-feira, apanhou de surpresa a direcção do Benfica e, mais do que aos resultados, foi atribuída aos jogadores. “A motivação que encontro nos jogadores, para mim, não é normal. Não estou motivado. Falei com o presidente e disse-lhe que a actual situação talvez não mudasse para melhor”, argumentou o técnico espanhol, em conferência de imprensa, admitindo a sua impotência para resolver os problemas: “Não encontrámos soluções para melhorar o jogo.”“O Benfica necessita de algo mais e isso está dependente da reacção dos jogadores, que terá de aparecer com outro treinador, mais fresco, com outra maneira de viver”, prosseguiu Camacho, cuja saída o presidente do clube, Luís Filipe Vieira, tentou evitar: “A decisão é irreversível. Não estávamos minimamente preparados para uma situação destas. Podemos dizer aos benfiquistas que já soubemos resolver problemas muito mais graves do que este, mas neste caso concreto, e face aos argumentos de Camacho, não podemos fazer mais nada. Não conseguimos demovê-lo da sua decisão.”Rui Costa assumiu as culpas dos jogadores e disse ter “pena” pelo que aconteceu. “Quando o treinador assume que não consegue tirar rendimento da equipa, os jogadores têm de assumir as suas responsabilidades”, disse o médio “encarnado”. Futuro director desportivo do Benfica, Rui Costa esclareceu que até ao final da época não assumirá “outras funções que não as de jogador”. A demissão de Camacho, de 52 anos, é a sexta “chicotada psicológica” da época, ciclo que começou quando Fernando Santos deixou o Benfica (após o empate 1-1 com o Leixões) e foi substituído pelo espanhol, que chegou à Luz a 21 de Agosto de 2007 como o preferido dos adeptos, depois de ter estado no clube em 2002/03 e 2003/04, altura em que conquistou a Taça de Portugal 2004 (único título da carreira como treinador). Agora, Camacho volta a deixar o Benfica, embora reafirme que mantém “intacta” a amizade com Vieira. O presidente do Benfica retribuiu a certeza e elogiou-o: “Já há poucos homens no futebol como ele”, disse, elogiando a sua “frontalidade” e o facto de “em termos financeiros não estar à espera de nada”.
fonte: Hugo Daniel Sousa
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