Anos 80 Vitor Paneira


Vítor Paneira foi um dos melhores jogadores que vi actuar com a camisola do Benfica nos últimos 25 anos. Grande profissional, benfiquista, e um dos grandes extremos do futebol português. Vítor Paneira foi um dos jogadores dispensados por Artur Jorge que mais me custou ver partir. Depois de tudo o que fez, não merecia aquele tratamento.Vítor Paneira, foi descoberto em Famalicão (clube onde já passaram grandes nomes do futebol português como Fernando Couto ou Secretário), chegou ao Benfica, viu e venceu. Ponta de lança de raiz, reconvertido a médio extremo, ficou para a história como um dos mais talentosos médios do Benfica e do futebol nacional. Primoroso, como partia para cima do adversário e o ultrapassava, centrando com precisão para o avançado. Vitima do poeta rei ArturTendo feito toda a sua formação nas camadas jovens do Famalicão – de onde é natural –, foi descoberto pelos olheiros do Benfica com apenas 20 anos. A inexperiência da juventude não o deixou assegurar um lugar no plantel de um poderosíssimo Benfica e Ebbe Skovdahl acabou por aconselhar o seu empréstimo a um clube mais modesto, onde pudesse assegurar titularidades consecutivas e, assim, crescer como futebolista… o Vizela, da antiga 2ª Divisão, acabou por ser o escolhido na temporada 1987/88.Quando foi do Vizela para o Benfica foi alvo de chacota por parte do Sr. Jorge Nuno Pinto da Costa. No início da época de 1988/89:"Com contratações como Vítor Paneira e Vata, devem ser campeões!".

Não só foram campeões, como o Paneira foi a grande revelação da temporada e o Vata o melhor marcador.Após uma época bastante positiva na equipa vizelense, e no seguimento da Final da Taça dos Campeões Europeus perdida para o PSV de Ronald Koeman, o jovem Paneira foi incorporado na pré-época do Benfica de Toni... e conseguiu conquistou um lugar no plantel. Com grande determinação em lançar talentos precoces, o jovem treinador benfiquista – ao ter ficado descontente com a performance de Hernâni numa vitória escassa em Portimão –, lançou Paneira “às feras” numa Luz repleta, num confronto com o Penafiel. A jornada era a 1ª do Campeonato 1988/89 mas jogada entre a 3ª e 4ª semana de competição… sinceramente, não sei o motivo do adiamento do jogo mas mesmo assim o Benfica acabou por vencer por 2-1.O #7 deu-se, assim, a conhecer ao Portugal benfiquista e, mesmo com Toni a insistir no actual capitão da Selecção de Futebol de Praia nos dois jogos seguintes, Paneira agarrou o lugar e nunca mais o perdeu nos subsequentes 7 anos em que vestiu de águia ao peito.Apesar de titular indiscutível na sua primeira época no clube, Vítor Paneira mostrou-se algo tímido, sendo pouco frequentes os seus raids pela ala direita... Chalana e Pacheco brilhavam no corredor contrário! Fez apenas um golo no Campeonato,O Benfica sagrou-se Campeão Nacional com apenas duas derrotas, num ano onde foi protagonista de uma série final de 18 jogos sem perder, com bonitas e categóricas vitórias que deram origem a uma festa de consagração antecipada, e apenas 3 empates … um dos quais resultou noutra festa, a despedida de Shéu a terminar o Campeonato.Com a chegada de Sven-Göran Eriksson, em 1989/90, deu-se a “explosão” definitiva do #7 benfiquista, assumindo-se como uma das grandes figuras da equipa e num dos melhores e mais promissores futebolistas portugueses.Titular em 7 dos 8 jogos que levaram o Benfica à Final da Taça dos Campeões Europeus frente ao AC Milan, é dos seus pés que saiu a melhor oportunidade do jogo… num remate ao poste. Teria o Olimpo em Viena!Sóbrio a defender – o sueco chegou a colocá-lo como defesa-direito, na ausência de Veloso, e até como médio-interior –, desequilibrador por excelência e com uma regularidade impressionante… nunca jogava mal!A excelente capacidade técnica que possuía e usava sempre em progressão, aliada ao oportunismo do golo, originou-lhe várias épocas com um bom plafond. No 2º ano de Eriksson, em 1990/91, e numa época onde Rui Águas foi o melhor marcador com 25 golos, Vítor Paneira seguiu-se logo atrás com 9 tentos apontados.Os seus milimétricos cruzamentos na direita ficaram famosos e é dos seus pés que saíram inúmeros golos… alguns muito importantes, que praticamente deram títulos: uma assistência, a sar origem ao primeiro golo, no 0-2 no Dragão no título de 1990/91, e duas no 3-6 em Alvalade no título de 1993/94.Nenhum benfiquista esquecerá aquele golo ao Boavista em 1992/93, na mais brilhante Final da Taça de Portugal de sempre. Arranque de João Pinto que mete em Paneira, tabelinha com Rui Águas e após uma desmarcação primorosa… uma finalização impecável para um golo de antologia. O 5-2 final espelhou o poderio de uma equipa maravilhosa, com Futre, Rui Costa, Paulo Sousa, João Vieira Pinto, Mozer…Uma história curiosa sobre o Paneira foi um problema com a justiça militar, terá faltado à tropa e foi incorporado mais tarde, quase simbolicamente, um caso falado na altura, tenho idéia de ter lido uma entrevista num jornal deportivo, onde se falava nos jogos entre militares no quartel e das qualidades do Vítor, mencionadas por todos.A tal “limpeza de balneário” em 1996, foi completamente banalizada quando Paneira e a sua equipa vieram à Luz, 2 ou 3 meses depois, e “despediram” Artur Jorge com um empate tardio e justo. Terá sido a vingança de Paneira sobre o treinador que mais o prejudicou ao longo da sua carreira, mostrando que tinha mais que valor para continuar de manto sagrado vestido e até capitanear a equipa – já vi algumas entrevistas dele sobre o que se passou e ainda há muita mágoa na forma como foi “empurrado” do clube.
(Este texto foi retirado do blog http://www.futeboldeataque.blogspot.com/
Fica aqui uma curta história de Vitor Paneira com o qual tive ainda o privilegio de privar por breves momentos a saida de um treino do glorioso, ainda guardo como se de um tesouro se trata-se o autógrafo dele, que coincidencia ou não foi escrito no verso de um talão de Mb... :o)

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